Serra Grande: natureza integral
Extensa faixa verde de rica fauna e flora debruçada sobre o mar do atlântico.
Situada entre Ilhéus e Itacaré, a Vila de Serra Grande, distrito de Uruçuca, no Sul da Bahia, está localizado no bioma de mata atlântica, sendo protegida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Reserva da Biosfera. O território engloba distintas zonas de preservação ambiental como as áreas de proteção ambiental (APA), Costa de Itacaré - Serra Grande, Lagoa Encantada e o Parque Estadual da Serra do Conduru.
A formação de mata atlântica na região évasta. Com grandes árvores que servem de suportes para muitas outras espécies de plantas como bromélias, cipós, orquídeas, além de possuir distintos estágios de regeneração na floresta.
O professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Daniel Piotto explica que as quantidades, estruturas e composições das espécies são fatores importantes para identificar os tipos de matas. “As florestas em estágio inicial são áreas agrícolas que foram abandonadas recentemente, com grande quantidade de árvores de pequeno porte, onde predominam embaúba, cupiana, murici, pororoca e mundururu”, diz o doutor em ciências florestais pela Yale University (EUA).
Na formação média de florestas existem árvores de aspectos avantajados. Entretanto, não são encontradas de grande porte. As espécies dominantes,neste caso têm tamanhos similarese é abundante como o pequi-de-capoeira, ingaussu, taipoca, uruçuca e janaúba.
O estágio demata avançada são caracterizadas pelas variações e portes de árvores como conduru, angelim, arapati, roxinho, oiti, massaranduba, pequi-preto e sapucaia. “Florestas primárias, onde nunca foi realizado o corte raso da vegetação ou retirada de madeira, são raras na região. Os últimos remanescentes se encontram em áreas mais montanhosas de difícil acesso, como a Serra do Conduru”, menciona Piotto, professor do centro de formação em ciências agroflorestais da UFSB.
Embora existam muitas árvores na região inúmeras estão ameaçadas e outras em extinção. O mateiro, profissional que conhece a flora local e que pode guiar um pesquisador dentro de um matagal, agora gestor ambiental, Jucelino Oliveira Santos, confirma o desaparecimento de algumas espécies. “O pau Brasil, jequitibá, jacarandá e algumas sapotaceae, que são plantas lenhosas, quase já não são mais vistas nas matas”.
Fauna terrestre – Identificando os principais mamíferos com foco nos felinos, a biólogaChristine Del VechioKoike, com mestrado em Zoologia pela Universidade Estadual Santa Cruz (UESC), fez parte do programa de conservação da biodiversidade da Barra do Tijuípe. O estudo foi realizado de 2016 a 2018, usando armadilhas fotográficas. “Os animais que encontramos em maior abundância durante os dois anos de levantamento na região foram o tatu galinha, paca, saruê, caititu, raposa do matoe gaviões”, sinaliza.
No caso dos animais antes abundantes, mas agora em menor quantidade estão às onças pardas, o mutum, tatu do rabo mole, tatu peba egato mourisco. “São muitas as espécies que não são mais encontradas aqui, dentre algumas como a onça pintada, anta, bugio, tamanduá bandeira”, endossa Christine, informando que não foi feito levantamento de aves, répteis e anfíbios.
Como forma de preservar a flora e a fauna registra-se conservar as áreas de mata nativa, manguezais, nascentes e córregos de águas. A manutenção dos corredores ecológicos e dos ambientes de matas, bem como a conscientização da população sobre apreservação ambiental é fundamental para manter a qualidade sócio ambiental da região.
