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Writer's pictureRevista Serra

O dom de educar


Antigamente em Serra Grande existiam poucas professoras e a Maria Regina Santos, nascida em 1948, mas bastante conhecida na comunidade como Dona Regina, foi uma delas. Por ser isolada e de difícil acesso chegar à Vila, a educadora explica: “Aqui só tinham duas professoras que pegavam um grupo de trinta alunos e davam todas as séries e todas as matérias. Era assim tudo misturado. Hoje está padronizado, mas antes não”, citando que trabalhou por vinte cinco anos e se aposentou aos quarenta e cinco.

Embora não houvesse distinção de idade ou de grau de conhecimento, Regina relata que o ensino na escola sempre teve qualidade. “Alfabetizei uma senhora que nunca esqueço. Ela tinha sessenta anos de idade e aprendeu a assinar o nome, tinha uma caligrafia linda, ficou muito feliz e grata a mim. Hoje tenho alunos universitários que vem me abraçar e me agradecer. Nunca fui professora formada, fui leiga, mas tenho certeza que fiz um bom trabalho na comunidade” relembra.


Dona Regina sinaliza que as datas civis e os festejos populares eram bastante celebrados na comunidade. “Dia 19 de junho começava os festejos de São Pedro. O mês era muito festejado, tinha as novenas na própria igreja, o São João, os forrós, mas o dia forte era o encerramento da festa do padroeiro onde havia os batizados e os casamentos, no dia de São Pedro”.


Sobre as lembranças familiares, Regina menciona: “A minha mãe era agricultora e a gente sempre plantava, então tínhamos muita banana, coco, jaca, tomate, cheiro verde, ovo de galinha caipira, o que você pensar. E o peixe, porque morávamos na beira da praia, pois nosso sítio segue até a beira da praia. A gente não comia verduras e frutas com agrotóxico como agora. Eu sempre digo a gente não tinha casa bonita, mas todos estavam de barriga cheia” diz Dona Regina, que é filha de seu Ângelo e Dona Secundina Santos, moradores antigos e falecidos da Vila de Serra Grande.

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Textos: Nerivaldo Goes 

Fotos: Kika Aidar

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